A Coca-Cola foi inicialmente um medicamento que tratava dores de cabeça, o mau estar geral e também algumas maleitas do sistema nervoso. A história deste refrigerante é muito animada: está repleta de conflitos com os governos e intrigas entre famílias ricas.
Na década de 1880, nos Estados Unidos, após a liberalização dos produtos farmacêuticos, John Pemberton um eminente profissional de Atlanta propôs-se criar uma fórmula mágica para aliviar os seus clientes das ressacas e dores de cabeça. Para isso preparou uma fórmula que incluía nos seus ingredientes álcool, ópio, morfina, haxixe e ainda mais dois ingredientes pouco habituais na altura, por serem considerados muito prejudiciais à saúde: a cafeína e a cocaína. Mas este elixir tinha um gosto amargo e pouco convidativo, então o dito farmacêutico acrescentou-lhe uma boa dose do que vulgarmente chamamos “açúcar queimado” ou caramelo o que tornou o tónico não só eficaz mas também muito agradável às papilas gustativas.
O Sr. John Pemberton que, para além de farmacêutico, era um óptimo comerciante; depressa transformou o seu tónico borbulhante num refrigerante muito apreciado por todos, principalmente por aqueles que sofriam diariamente de uma doença universalmente conhecida, vulgarmente apelidada de ressaca, e chamou-lhe Coca-Cola.
Mas Pemberton, morfinómano e com a saúde já muito debilitada aceitou vender por $2.300, a fórmula da Coca-Cola a Asa Candler, dono de uma cadeia de drogarias em Atlanta que, imediatamente, começa a produzir o tónico em grandes quantidades para abastecer todas as farmácias e drogarias das redondezas.
A popularidade de Coca-Cola continuou a crescer e a fórmula original de John Pemberton foi alterada, uma vez que o tónico foi transformado em refresco e ao que parece, cada copo da fórmula original continha 9 miligramas de cocaína, dosagem pouco aceitável para um produto comercializado livremente e para a saúde dos consumidores.
Em 1906, o Congresso aprovou uma lei na qual obrigava os fabricantes de produtos alimentares e farmacêuticos a colocar nas embalagens o rótulo com os produtos de fabrico. Mais uma vez, Asa Candler alterou a fórmula da Coca-Cola. Reduziu a percentagem de álcool e eliminou a cocaína mas recusou-se a alterar a dosagem de cafeína, produto que considerava essencial para a eficácia do xarope. Deste modo a Coca-Cola foi considerada uma bebida perigosa para a saúde.
Começa aqui a primeira batalha legal da Coca-Cola, encabeçada pelo Dr. Harvey Wiley que acusava a Coca-Cola Company de produzir um produto altamente prejudicial à saúde dos consumidores. Mas em 13 de Março de 1911, no Tribunal de Chattanooga, perante o Juiz Sanford, os advogados da Companhia conseguiram demonstrar que uma chávena de Coca-Cola, continha menos cafeína que uma chávena de café ou chá e ganhou a acção.
Ernest Woodruff propõe a Candler a aquisição da Coca-Cola e em 1919 iniciam as negociações. Finalmente a Coca-Cola Company é vendida por $25 milhões, um valor exorbitante para a época. A título de curiosidade, se os $25 milhões de 1919 forem convertidos para os dias de hoje, obtém-se uma fortuna comparável à do Bill Gates.
Há ainda a registar que se os Candlers e os Woodruffs fizeram milhões de dólares com a Coca-Cola mas também tentaram distribuir alguma dessa verba para o benefício da comunidade. Ajudaram a construir hospitais, escolas, igrejas, faculdades, museus, e centros culturais, actividades que a Companhia preza manter até hoje.
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